quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Como as Sagradas Escrituras podem mudar e conduzir a vida de um homem dos nossos tempos?

O Homem e a Bíblia - Um conto carismático baseado em uma história real



Nascido e criado em berço católico, de família praticante da fé, viveu assim até a juventude. Ao começar a trabalhar, abandonou tudo e ingressou no mundo dos prazeres ilusórios do álcool e da luxúria.  Foram 20 anos de degradação espiritual onde a imagem mental de Deus era uma sombra terrivelmente incômoda e a Santa Virgem Maria era, apenas, uma doce lembrança de sua juventude.

Um dia, recebeu a notícia da morte súbita de seu pai. O impacto foi semelhante ao atropelamento por uma jamanta. Sentiu um rompimento interno, algo se partiu, mas não soube o que.

Depois destes anos afastado da vivência católica, na missa de sétimo dia, resolveu confessar-se. Ainda atordoado espiritualmente, não sabia como fazer a confissão. Ao final, o sacerdote pede para que ele reze o Pai Nosso. Começou e parou no meio. Havia esquecido a oração.

Na dor do luto começou a lembrar-se de Deus. Entrava na Igreja e não sabia o que fazer, tudo era estéril e sem graça.

Certo dia ouviu falar que na Igreja Católica estavam falando em “línguas”. Isto despertou seu interesse, pois gostaria de falar, fluentemente, inglês, francês e alemão.
Uma colega de trabalho convidou-o para ir a um Grupo de Oração onde oravam em “línguas”. Em sua vasta ignorância imaginou que agora iria falar as línguas que desejava.
Decepção total. Durante a reunião viu, apenas, uma mulher “louca”, delirando, de olhos fechados, ora falando, ora cantando alto sons incompreensíveis. Aos poucos, todos enlouqueceram e começaram a falar e cantar estes sons estranhos. Sentiu-se em um hospício, no meio de loucos alucinados. Quis correr e sair dali, mas ficou com vergonha e permaneceu.

Ao final, todos vieram abraçá-lo, sorrindo, expressando uma alegria contagiante. Mesmo assim, seu desejo era sair dali, afastar-se daqueles alienados e nunca mais vê-los, apesar do insistente convite para que voltasse na próxima semana. Assim que pode, saiu apressado, pensando em nunca mais voltar.

Estranhamente, na semana seguinte, sem se dar conta, foi o primeiro a chegar. Durante a reunião, a mulher “louca” começou a falar os mesmos sons incompreensíveis. Desta vez ele ficou ouvindo atento e lhe ocorreu algo assustador. Começaram a surgir, em sua mente, números e letras que, aos poucos formaram um letreiro em neon vermelho, piscando: 1 Cor 2, 9, ... 1 Cor 2, 9 ....

Como aquilo permanecesse piscando em sua mente pensou que estava enlouquecendo também. Chamou a colega que estava sentada ao seu lado e lhe disse, baixinho, que iria embora, pois estavam piscando em sua mente estes números e letras.

Ela o abraçou e disse não saia, isto é um versículo bíblico. Ele não tinha bíblia e muito menos sabia o que era versículo. Ela mostrou na Bíblia, ele leu e nada entendeu.

O assunto foi falado para o grupo, sendo causa de muitos cantos, louvores e agradecimentos a Deus. Ele continuava sem entender, mas foi inundado de uma grande alegria.

Comprou uma Bíblia e leu aquele versículo, leu, leu e leu. Começou a gostar daquela nova maneira de ver as coisas de Deus.

Este Grupo de Oração era pequeno, entre 10 e 12 pessoas, mas fazia parte de um GO grande que se reunia em uma Igreja, às segundas-feiras, à tarde e à noite. Passou a frequentar este Grupo.

Tudo ia bem, mas havia um grande problema: a BÍBLIA. Não tinha coragem de sair à rua com ela. Queimava a mão, ardia, incomodava. A solução foi colocá-la dentro de um envelope pardo e depois, em um saco plástico preto, bem camuflada, para que ninguém percebesse o que era. Assim foi até fazer o Seminário de Vida no Espírito Santo e receber a oração para o batismo no Espírito Santo.

Depois disto, percebeu que andar na rua com a Bíblia tornou-se um prazer, tinha vontade de levá-la bem alto, acima da cabeça, para que fosse vista por todos. Nunca mais se separou dela. Parece que, agora, ela é uma extensão de seu corpo, faz parte dele. Todos os dias lê, estuda e  procura entender o que a leitura lhe diz.

Ler a Bíblia passou a ser uma ocupação agradável. Era um mundo novo que ia se abrindo, gradativamente, através da leitura comparada dos sinóticos, das reflexões sobre o Evangelho de João e da articulação com o Antigo Testamento. Percebeu que há uma interligação nos textos bíblicos. O Antigo e o Novo Testamentos dialogam entre si, um prefigurando e o outro realizando a prefiguração. Descobriu que a Palavra de Deus é uma escola de vida, real e transcendente.

Ao tomar posse das palavras de vida o Senhor foi mostrando, com suavidade e amor, o quanto já devia ter crescido na fé, mas era ainda uma criança que se alimentava do leite espiritual. (Cf. 1 Cor 3, 1-3 e Hb 5, 11-13). Esta percepção lhe deu forças para prosseguir e a recompensa não demorou a chegar. Encontrou primeiro a face de Jesus nos Evangelhos, depois a onipresença do Pai que perpassa toda a Sagrada Escritura e por fim a ação, incontestável, do Espírito Santo, de forma perene, sustentando a vida e santificando a obra eterna.

A mulher do silêncio foi a última descoberta. Inicialmente, não se sentiu capaz de compreender como este silêncio podia falar tão alto. Aquela que avança como a aurora, a Virgem Maria, atravessa toda a Bíblia, do Gênese ao Apocalipse, expressamente ou prefigurada, humilde e sublime, berço humano do Altíssimo. Encontrar, de forma velada, o esplendor de Deus naquela jovem mulher abriu-lhe os olhos espirituais para a contemplação de um mistério divino, Maria é a Mãe de Deus, por obra do Espírito Santo e Mãe da humanidade por doação de Jesus.

Ele agradece a Deus por ter uma Bíblia e encontrar nela o seu alimento. Esta foi a grande mudança que a sua amada Bíblia realizou em sua vida.

Bendita seja a Palavra de Deus, para sempre!



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Autor: Edmundo Pereira Teles.
Rio, 13 de setembro de 2015.

* Sr. Edmundo Pereira Teles é aluno dos Cursos Mariologia e História da Igreja de nosso Instituto - convidado, contribuiu voluntariamente escrevendo para nosso Blog.
**O anonimato do personagem foi mantido, mas a história é real. Se você se identificou com história, deixe Deus agir também na sua!
   


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